sábado, 12 de dezembro de 2009

OS CYBERALUNOS E A EDUCAÇÃO DO FUTURO - Repensando a Educação Atual

Lidiane Cristina da Silva

Florianópolis, 12/12/2009

Palavras-chave: educação, conhecimento, tecnologia da informação e comunicação, hipertexto-construção coletiva

1. Introdução

Vivemos num mundo globalizado, onde a distância geográfica, inexiste no que tange a comunicação interpessoal. Segundo Castells (2002, p. 78) diz que hoje vivemos na “sociedade da informação”, cuja estrutura em forma de redes configura o novo espaço global e que para Mattelart (2003, p. 66), já se configurava na década de 70. Segundo Mattelart, este tipo de sociedade “só pode existir sob a condição de troca sem barreiras”, o que hoje se traduz num dos mais significantes postulados da Internet. Santaella (2003, p.13), também versando sobre este novo panorama social, diz que “não só as redes digitais, mas qualquer meio de comunicação é capaz não só de moldar o pensamento e a sensibilidade dos seres humanos, mas também de propiciar o surgimento de novos ambiente socioculturais”.

Percebemos nas escolas atuais, os professauros, professores que insistem em permanecer com uma visão ultrapassada em relação a educação que contemplaria o processo de ensino aprendizagem dos educandos da era digital, estão com seus dias contados.

Cada vez mais, vemos alunos desmotivados, pouco participativos, que passam horas ouvindo os professauros, expondo conteúdos e atividades que não fazem parte do mundo deles.

Nossos cyberalunos, nasceram num século, onde o avanço tecnológico caminha a passos rápidos, onde são bombardeados diariamente com o excesso de informação.

Em 1996, a UNESCO, já havia repensado a Educação para o futuro - Educação do Século 21, presidida por Jacques Delors, que elaborou um amplo relatório propondo quatro pilares para servirem de base à educação do próximo milênio - aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

Estes cyberalunos, não são filhos da geração dos professauros, e por este motivo, muitas vezes não conseguem acompanhar a linha de raciocínio dos mestres.

Segundo a redação do jornal pantanal news, de 2005 a 2008, o percentual de brasileiros a partir de dez anos de idade que acessaram ao menos uma vez a Internet pelo computador aumentou 75,3%, passando de 20,9% para 34,8%, ou 56 milhões de usuários, em 2008. No mesmo período, a proporção dos que tinham telefone celular para uso pessoal passou de 36,6% para 53,8% da população com dez anos ou mais. Os números são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2008, divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora os mais escolarizados tenham usado com maior frequencia a rede mundial de computadores, o acesso cresceu mais entre aqueles com menos anos de estudo. O percentual de usuários com 15 anos ou mais de estudo era de 80,4%; entre os com 11 a 14 anos de estudo, 57,8%; com 8 a 10 anos de estudo, 38,7%; com 4 a 7 anos de estudo, 23,4%; e entre as pessoas sem instrução ou com menos de 4 anos, 7,2%. Em todos os níveis de escolaridade, foi observado aumento do acesso em relação a 2005.

O principal local de acesso à Internet é o próprio domicílio, seguido pelos centros públicos de acesso pago – ou lan houses -, que superaram o local de trabalho (segundo local de acesso em 2005). Também houve mudança no principal motivo que leva as pessoas a usarem a Internet: 83,2% acessaram a rede em 2008 para se comunicar com outras pessoas. Em 2005, o principal motivo era educação ou aprendizado, que caiu para o terceiro lugar.

Segundo José Manuel Moran, especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância, em seu artigo: perspectivas (virtuais) para a educação, são apontadas várias perspectivas tecnológicas para o futuro da educação. Acredita-se que caminhamos para formas fáceis de vermo-nos, ouvirmo-nos, falarmo-nos, escrevermo-nos a qualquer momento, de qualquer lugar, a custos progressivamente menores. Com as tecnologias cada vez mais rápidas e integradas, o conceito de presença e distância se altera profundamente e as formas de ensinar e aprender também.

Pondera-se, porém, que infelizmente todos os avanços tecnológicos continuarão privilegiando uma parte da população brasileira. A maior parte das escolas continuará repetindo fórmulas pedagógicas ultrapassadas

Os alunos da era digital, diferentemente dos professauros, não enviam cartas, via correio, eles enviam e-mail. Não vão até a biblioteca para fazer trabalhos em grupo, fazem uso da ferramenta de pesquisa virtual e viajam pela internet, constroem hipertextos, por meio de links, recebem a informação de forma rápida, e tornam-se cada vez mais audiovisuais.

O contato com os colegas faz-se via MSN, Orkut, chats, skype, telefone celular, que mais parecem uma máquina do futuro.

Estamos caminhando para os contatos holográficos, através de projeções tridimensionais, onde a distância geográfica não é mais problema para esta geração futurística.

Os cyberalunos, namoram virtualmente, e mesmo á distância, tem contato com o outro em tempo real, através da comunicação síncrona, instantânea, através de ferramentas como webcam, vídeo e áudio conferência e não muito distante, através de projeções holográficas.

Como é possível em pleno século XXI, continuarem os professauros, utilizando quadro, giz, e oferecendo aos alunos, o caderno, lápis e borracha, enquanto nossos cyberalunos dominam a digitação e as tecnologias avançadas.

Como podemos avaliar estes seres cibernéticos, como sendo fracos, incapazes, com pouco conhecimento, se são exatamente eles, que dominam a tecnologia.

Estamos lidando com mentes diferenciadas e por tanto, alunos ímpar, que aprendem através da relação visual, estímulo/resposta, praticamente imediatas, onde o pensamento, trabalha numa velocidade extraordinária.

Pensando na Educação para o próximo milênio, Morin (1999), considera que há sete saberes fundamentais com os quais toda cultura e toda sociedade deveriam trabalhar, segundo suas especificidades. Esses saberes são respectivamente as Cegueiras Paradigmáticas, o Conhecimento Pertinente, o Ensino da Condição Humana, o Ensino das Incertezas, a Identidade Terrena, o Ensino da Compreensão Humana e a Ética do Gênero Humano.

A educação atual, caminha a passos lentos, e não acompanha o ritmo dos educandos da era digital, pois enquanto estes cyberalunos, poderíamos imaginar que, mesmo que nossos educandos estivessem caminhando, nós professauros, por mais que tentássemos correr para alcançá-los, no máximo, chegaremos perto desses cyberalunos.

A era digital, chegou para transformar radicalmente a metodologia de ensino atual, colocando o educador, numa posição de organizador de informações e não mais, o de facilitador ou detentor do saber.

As informações estão aí, disponíveis para todos, e nossos alunos são diariamente bombardeados com o excesso de conteúdo, que chega de todos os lados.

Os educador, precisará estar em constante capacitação, reciclando constantemente seu conhecimento, buscando acompanhar os avanços tecnológicos.

Passarão a trabalhar com grupos de alunos, conectados através da rede mundial de computadores, a Internet, e estes por sua vez, estarão nos mais variados lugares do mundo.

Os trabalhos em grupo, falando especificamente da educação brasileira, acontecerão entre educandos de Florianópolis e Brasília, por exemplo, juntamente com outros do Acre e do Mato Grosso, todos, mantendo contato através das TIC’s, bastando para isso, terem um computador com acesso a internet. Ao professor ou tutor virtual, caberá, auxiliar, estes alunos na organização dos conteúdos, mediando o processo de ensino aprendizagem, para que possam interiorizá-los de forma organizada, em seus arquivos mentais.

Os conteúdos, serão flexíveis, voltados a realidade desta nova geração, valorizando o todo, o pensamento coletivo, o poder organizacional, priorizando o tempo gasto para a realização de cada atividade, o autodidatismo, liderança, o trabalho coletivo e a autonomia.

A escola deixará de ser o espaço físico que conhecemos atualmente para dar lugar a um espaço rico em possibilidades, trabalhando de forma integrada, valorizando a interdisciplinaridade.

A escola atual, perde espaço, para um novo espaço sociocultural, investindo no e-learning, na aprendizagem virtual, mediada por tecnologias a Educação á Distância (EAD), para os espaços presenciais, e os professauros, educadores da atualidade, evoluem para tornarem-se os tutores virtuais, mediadores e organizadores do processo de ensino aprendizagem. A visão do educador em relação ao aluno, passa por mudanças, e a inteligência individual, vai dando espaço para a coletiva, trabalhos em grupo, construção de saberes multipessoais.

Vemos, nos hipertextos, que trata-se de um novo formato de texto, construídos coletivamente, onde não existe um único autor e sim, vários autores de uma mesma obra, interligados através de links, e os trabalhos, estão em constante construção, nunca prontos, podendo sofrer alterações diárias.

Como observamos nas palavras de Aquino 2006, apontando em Lévy (1993, p. 33), o hipertexto configura-se exatamente como a quantidade infinita de links com os quais nos deparamos hoje das páginas Web: Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser

palavras, paginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira.

Conclusão:

Educar é muito mais do que repassar o conteúdo programáticos, pré estabelecido, ofertado nos currículos.

Educar exige mudança de postura, momentos constantes de reflexão, é um ir e vir constante, procurando alternativas que possam garantir o alcance dos objetivos propostos, e para tanto, exige mudanças significativas.

A educação do futuro, exigirá dos educadores, capacitação constante, pois percebemos a velocidade com que caminha o avanço tecnológico. E para atendermos qualitativamente os cyberalunos, precisamos, antes de mais nada, romper os grilhões que nos mantém presos ao passado.

Com tudo, sabemos que a mudança não acontece da noite pro dia, exige esforço coletivo, necessita de uma gestão cada vez mais democrática, participativa e flexível.

Bibliografia:

1 – Aquino, Maria Clara, UM MAPEAMENTO HISTÓRICO DO HIPERTEXTO, Surgimento, desenvolvimento e desvios da aplicação da escrita hipertextual, 2006, .

2 - http://www.pantanalnews.com.br/contents.php?CID=43139, acesso em 11 de dezembro de 2009.

3- http://www.eca.usp.br/prof/moran/futuro.htm, acesso em 11 de dezembro de 2009.

4 – Morin, Edgar, MORIN E A EDUCAÇÃO DO FUTURO, http://www.brasilia.unesco.org/noticias/opiniao/artigow/2000/artigo_morin, acesso em 12 de dezembro de 2009.

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